terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Preservar ou não preservar, eis a questão???


Ao realizar um trabalho sobre preservação digital da UFF, o grupo quatro elevantou uma questão muito importante a ser discutida: quais são as dificuldades e desafios encontrados para preservação digital?

Sabemos que vivemos em um tempo de transformações muito rápidas. E, no campo da ciência da informação, o maior desafio e dificuldade é a preservação do que é digital.

Antes de adentrarmos nessa discussão, precisamos primeiro, entender o que exatamente se pretende preservar.

É claro que a essa altura do campeonato já sabemos que CD, pen driver, disquete (por exemplo) são suportes de transporte e não de armazenamento de informação a longo e médio prazo, embora seja elevado o tamanho da informação armazenada nestes suportes, eles possuem  fragilidade física.

Preservar o conhecimento é um desafio para todo aquele que tem como função administrar e resguardar documentos. A preservação de cada componente/objeto digital é que vai garantir a futura exibição do documento digital. Como explica FERREIRA (2006):

 
A preservação digital consiste na capacidade de garantir que a informação digital permanece acessível e com qualidades de autenticidade suficientes para que possa ser interpretada no futuro recorrendo a uma plataforma tecnológica diferente da utilizada no momento da sua criação. (FERREIRA, 2006, p. 20)

Essa preservação digital é importante uma vez que abrange “ações destinadas a manter a integridade e a acessibilidade dos objetos digitais ao longo do tempo. Devem alcançar todas as características essenciais do objeto digital: físicas, lógicas e conceituais” (CTDE, 2008, p. 17 -18).

As características físicas referem-se ao registro das codificações lógicas dos bits nos suportes. “O objeto físico constitui aquilo que, geralmente, o hardware é capaz de interpretar” (FERREIRA, 2006, p. 22). Como exemplo:documentos de texto, fotografias digitais, diagramas vectoriais, bases de dados, sequências de vídeo e áudio, modelos de realidade virtual, páginas Web e aplicações de software”. FERREIRA (2006)

Já as características lógicas dizem respeito ao conjunto de sequencias de bits, que constitui a base dos objetos conceituais que por sua vez são o produto final, ou seja, é o documento visualizado na tela do computador pelo usuário (CTDE, 2008). Por exemplo: TIFF, JPG, PDF.

Por conseguinte, nas características conceituais o objeto conceitual é o que o emissor deseja apresentar. “A imagem que posteriormente se forma na mente do receptor constitui o que vulgarmente se designa por um objeto conceitual ou objeto semântico”. (FERREIRA, 2006, p. 23).

FERREIRA (2006) apresenta, no sentido de solucionar o famigerado problema da preservação digital algumas estratégias, que podem ser agrupadas em três classes fundamentais: emulação, migração e encapsulamento.

 
Para que a preservação de um objecto digital seja possível, é necessário assegurar que todos os níveis de abstracção anteriormente descritos se encontram acessíveis e interpretáveis. Se a cadeia de interpretação que permite elevar um objecto digital desde o seu nível físico até ao nível conceptual for rompida, a comunicação deixa de ser possível e o objecto perder-se-á para sempre. (FERREIRA, p.24 - 25. 2006).

A emulação nada mais é do que a “Utilização de recursos computacionais que fazem uma tecnologia funciona com as características de outra, aceitando as mesmas entradas e produzindo as mesmas saídas”. (CTDE, 2008, p. 13).

A migração de acordo com FERREIRA (2006):
 
A migração tem como objectivo manter os objectos digitais compatíveis com tecnologias actuais de modo a que um utilizador comum seja capaz de os interpretar sem necessidade de recorrer a artefactos menos convencionais, como por exemplo, emuladores. (FERREIRA, p.24. 2006)

Nesse mesmo sentido, e de uma forma mais simples FERREIRA (2006) explica o encapsulamento, sendo:
A estratégia de encapsulamento consiste em preservar, juntamente com o objecto digital, toda a informação necessária e suficiente para permitir o futuro desenvolvimento de conversores, visualizadores ou emuladores. Esta informação poderá consistir, por exemplo, numa descrição formal e detalhada do formato do objecto preservado. (FERREIRA, p.43. 2006).

O maior desafio seria comprovar que o custo não supera o benefício. O prejuízo causado pela perda da informação, é muitas vezes incalculável diante a informação perdida. É preciso mudar a mentalidade de custo para investimento a médio e longo prazo.

E ai? Agora você entende o porquê e como deve preservar aquela mídia maravilhosa com a gravação do dia da sua formatura? 

Bibliografia:
CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS - CONARQ. Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos – CTDE. Glossário, 2008. Disponível em:
FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital: conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. 88p. Disponível em:


A Experiência Brasileira Em Preservação Digital


No Brasil, a Biblioteca Nacional está na fase inicial da definição dos metadados de preservação. Em contrapartida, a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Arquivo Nacional (CONARq) abriu para consulta pública no mês de abril de 2004 o anteprojeto da Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital . O objetivo do conteúdo da Carta é conscientizar as comunidades que possuem arquivos de documentos digitais a adotar práticas padronizadas de preservação digital. A carta coloca a necessidade de que sejam criadas políticas, estratégias e ações sobre o tema.

Ela define o que é um documento arquivístico digital e propõe que todos os arquivos adotem algum sistema de gerenciamento arquivístico de documentos digitais. A proposta esteve baseada em estudos de projetos internacionais (InterPARES I e II - International Research on Permanent Authentic Records in Electronic Systems-,  o projeto Pittsburgh Functional and Requirements for Evidence in Recording, o modelo de requisitos para a gestão de arquivos electrónicos – MoReq –, os requisitos usados pelo United States Department of Defense Records – DOD – e a metodologia DIRKS-Designing & Implementing a Recordkeeping Systems).

O documento é introdutório no sentido de colocar na pauta de discussão a preservação digital. Baseado na Carta da Unesco, reproduz quase na íntegra as sugestões que aquela instituição pede para os estados membros adotarem com respeito às medidas para salvaguardar o patrimônio cultural de cada país. O texto fica mais no sentido de recomendações para “melhores práticas” e chama para um estudo mais aprofundado das limitações da tecnologia digital. Não foi lembrada a necessidade de uma especificação maior dos tipos de informação a serem arquivados a longo prazo (dados científicos, arquivos pessoais etc.). A preservação digital não é apenas realizar atividades arquivísticas ou de desenvolvimento de coleções. Ela inclui o gerenciamento da aplicação de estratégias de preservação apropriadas para cada tipo de acervo.

O documento não menciona os custos de qualquer estratégia de preservação e acesso aos documentos digitais ao longo do tempo. Por serem os arquivos administrativos o foco de atenção da Carta, a questão da “autenticidade” aparece no centro das preocupações. Ao colocar o problema no nível das prioridades nacionais que precisam de regulamentação, a Carta não aponta para a inclusão da problemática da preservação a longo prazo no âmbito dos programas oficiais de apoio ao uso de software livre, de inovação tecnológica e de desenvolvimento tecnológico.

Não existem dúvidas de que novos esforços aparecerão para entender as técnicas e os padrões que devem ser aplicados no arquivamento da informação de relevância e a manutenção do seu acesso no futuro. O Arquivo Nacional é o fórum adequado para a interação entre as organizações que criam, armazenam e disseminam informação digital. São essas instituições que podem definir os requisitos indispensáveis para chegar ao estabelecimento de estratégias estruturais e operacionais de preservação digital, dentro de uma política nacional de informação a ser considerada em qualquer investimento de redes de informação eletrônica, privado ou público.

Preservação digital no Brasil

As preocupações a cerca da preservação digital no mundo tiveram sua primeira expressividade no contexto mundial, partiu de um trabalho realizado no International Concil on Archives (ICA), em 1970. O Brasil apesar de contar com representantes no Commitee on Automation do ICA, na área de Arquivologia, os eventos da área na mesma década pouco abordaram a temática e quando aconteceu, foi através de profissionais de outras áreas.

A falta de discussões na área é apontada no trabalho como sendo uma conseqüência da pouca utilização dos recursos eletrônicos nos arquivos de então.


Pelo diagnóstico da Comissão Especial de Preservação do Acervo Documental -CEPAD, iniciativa do Arquivo Nacional do Brasil, foi possível saber que, na época, apenas 0,02% dos arquivos existentes em Brasília usavam recursos informáticos. O diagnóstico restringiu-se ao Distrito Federal, mas se pode inferir que a situação do restante do país não seria muito diferente. (THOMAZ, 2006, p.116).

 
Somente a partir dos anos 1990, começam a surgir publicações que abordavam o tema da tecnologia da informação e dos documentos eletrônicos. Na mesma época, o Governo Federal iniciou um processo crescente de informatização dos serviços públicos, acompanhado pelas demais instâncias políticas. O fato mais significativo no período, foi a instituição do programa Sociedade da Informação no Brasil, através do Decreto no. 3.294 de 15 de dezembro de 1999 e, a criação do Comitê Executivo do Governo Eletrônico - CEGE, como desdobramento do mesmo, (através do Decreto s/n de 18 de outubro de 2000), que passou a atuar com base no documento ‘Proposta de Política de Governo Eletrônico para o Poder Executivo Federal’, publicado no mesmo ano. (THOMAZ, 2006). No mesmo ensejo, foi publicado o ‘Livro Verde’, como uma proposta de inserir o Brasil no novo modelo de Sociedade que, então, consolidava-se ao redor do mundo.

A ação mais significativa no que concerne à problemática da Preservação de Acervos Digitais a nível de Brasil foi a reformulação da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos – CTDE, do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, criada em 1994 e em funcionamento a partir de 2002. Trata-se de um grupo de trabalho multidisciplinar que tem por objetivo "[...] definir e apresentar ao Conselho Nacional de Arquivos normas, diretrizes, procedimentos técnicos e instrumentos legais sobre gestão arquivística e preservação dos documentos digitais, em conformidade com os padrões nacionais e internacionais" (CONARQ, 2006).

Os trabalhos técnicos do CTDE estão organizados em dois grupos: Gestão e Preservação. O primeiro grupo produziu um glossário de termos referente a documentos eletrônicos, diversos artigos e apresentações e encontra-se em fase final de elaboração uma especificação de requisitos funcionais para sistemas eletrônicos de gestão arquivística de documentos convencionais e eletrônicos. Já para o segundo, a câmara também desenvolveu diversos artigos e apresentações e especialmente a Carta de preservação do patrimônio arquivístico digital adaptada à realidade brasileira, em sintonia com o programa Memory of the World da UNESCO. Essa carta foi aprovada pelo CONARQ em sua 34ª reunião plenária, realizada no dia 6 de julho de 2004 e tem sido objeto de ampla divulgação em simpósios, seminários, congressos e organizações governamentais e privadas.

Os trabalhos da Câmara atualmente estão direcionados para a elaboração de uma especificação de metadados de preservação e uma resolução sobre recolhimento de arquivos digitais. (THOMAZ, 2006).

Nos dois tópicos que se seguem mencionaremos algumas das pesquisas brasileiras sobre a preservação digital no âmbito das ciências documentais.

Pesquisas brasileiras em Preservação Digital na Área de Ciência da Informação

Dentre os esforços brasileiros cabe aqui citar também o Laboratório Líber –Laboratório de Tecnologia da Informação da UFPE. De acordo com Lima (2005) o projeto do laboratório “[...] ocupou-se desde cedo do interesse da ciência da Informação, com a meta de avançar no campo das bibliotecas digitais além da fronteira tradicional estabelecida pelo controle bibliográfico”, e que atualmente o laboratório consolidou-se como espaço integrador de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, tomando como objeto de observação a hipermídia, investiga numa perspectiva transdisciplinar, a instalação social do ciberespaço.

O laboratório oferece bolsas de iniciação científica para alunos de graduação em biblioteconomia, Informática e design. Hoje existem alguns desses alunos já ingressos em programas de pós desenvolvendo estudos nas áreas de Preservação Digital, Inteligência Artificial e Banco de Dados. (GALINDO, 2005).

Preservação digital, saberes em confluência

Enquanto iniciativas brasileiras no sentido de produzir saberes que auxiliem na gestão e preservação dos documentos digitais, vale citar também os eventos estão promovendo discussões a cerca do tema.

Podemos citar o II Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica, organizado pelo Arquivo Nacional do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro no período de 18 a 22 de novembro de 2002, inteiramente dedicado ao tema documentos arquivísticos eletrônicos: gestão e preservação e o XIV Congresso Brasileiro de Arquivologia, organizado pela Associação dos Arquivistas Brasileiro – AAB, também na cidade do Rio de Janeiro, no período de 23 a 28 de abril de 2006, com grande ênfase na infra-estrutura arquivística para preservação de documentos digitais.

A Biblioteca Nacional organizou em 2003 um Curso Regional de Preservação Digital, o qual foi patrocinado pela UNESCO. A idéia é de preparar a Biblioteca Nacional para capacitar outras bibliotecas e arquivos a nível nacional para a preservação dos acervos digitais. Os cursos contaram com a presença de consultores professores internacionais um representante Francês da Unesco, o da University of Califórnia, Library of Congress e ainda nacionais, entre eles professores da PUC-RJ e ainda da Fundação biblioteca Nacional, entre outros.

Bibliografia
MÁDERO ARELLANO, M.A. Preservação de documentos digitais. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 2, p. 15-27, maio/ago. 2004.
CUNHA, J.A.; LIMA, M.G.. PRESERVAÇÃO DIGITAL: o estado da arte. VIII ENANCIB – Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 2007.

DSpace - Repositórios Digitais


O sistema Dspace foi desenvolvido para possibilitar a criação de repositórios digitais com funções de captura, distribuição e preservação da produção intelectual, permitindo sua adoção por outras instituições em forma consorciada federada. O sistema desde seu início teve a característica de ser facilmente adaptado a outras instituições. Os repositórios DSpace permitem o gerenciamento da produção científica em qualquer tipo de material digital, dando-lhe maior visibilidade e garantindo a sua acessabilidade ao longo do tempo.

Os repositórios digitais podem ser considerados uma inovação no gerenciamento da informação digital. As editoras, bibliotecas, arquivos e centros de informação em vários países estão criando grandes repositórios de informação digital, contendo diferentes tipos de conteúdos e formatos de arquivos digitais. No caso específico da informação científica e tecnológica, os repositórios digitais são semelhantes em algumas características básicas. O DSpace Institutional Digital Repository System (projeto colaborativo da MIT Libraries e a Hewlett-Packard Company) é um dentre vários projetos, atualmente em operação, orientados à criação de repositórios institucionais e  à preservação digital. O DSpace é um software livre que, ao ser adotado pelas organizações, transfere a estas a responsabilidade e os custos com as atividades de arquivamento e publicação da sua produção institucional. O DSpace possui uma natureza operacional específica de preservar os objetos digitais que é de interesse da comunidade científica.

Bibliografia
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT. Disponível em: dspace.ibict.br. Acesso em 05 de janeiro de 2013.

Metadados de Preservação


  De acordo com Mádero Arellano (2004) 

Os metadados informam as partes importantes do objeto digital e indicam a sua localização. Os metadados de preservação são uma forma especializada de administrar metadados que podem ser usados como um meio de estocar a informação técnica que suporta a preservação dos objetos digitais. (MÁDERO ARELLANO, 2004)

   
Para Thomas e Souza (2004) existem três fortes razoes para a utilização dos metadados, são eles:

1 - facilitar a pesquisa e suas fontes de informação;

2 - gerenciar seu fluxo dentro de processos e

3 - representar suas estruturas para possibilitar o acesso.

 
Bibliografia
ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 2, p. 15-27, maio/ago. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-19652004000200002&script=sci_arttext
THOMAZ katia p. ; SOARES Antonio José. A preservação digital e o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS). DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.5 n.1 fev/04 . Disponível em: http://www.dgz.org.br/fev04/Art_01.htm





Dificuldades para a preservação digital, quais são?


Determinadas dificuldades nos chamaram muito a atenção e são enfrentadas perante o processo de preservação digital, são algumas delas: Como lidar com a informação num campo onde ocorrem constantes e imprevisíveis mudanças? Será mesmo que as instituições estão preparadas para o risco de enfrentar a perda de objetos digitais que precisam de uma preservação de longo prazo?

De acordo com Thomaz e Souza (2004) uma alternativa recente seria o modelo de referencia Open Archival Information System (OAIS) ou Sistema Aberto de Arquivamento de Informação (SAAI), ainda segundo os autores “este modelo é um esquema conceitual que disciplina e orienta um sistema para a preservação e manutenção do acesso à informação digital por longo prazo.”

O objetivo deste modelo é, como bem coloca Thomaz e Soares (2004) “ampliar a consciência e a compreensão dos conceitos relevantes para a preservação de objetos digitais, especialmente entre instituições não arquivísticas; definir terminologias e conceitos para descrever e comparar modelos de dados e arquiteturas de arquivos; ampliar o consenso sobre os elementos e os processos relacionados à preservação e acesso à informação digital; e criar um esquema para orientar a identificação e o desenvolvimento de padrões.” (THOMAZ e SOARES, 2004 )

Dessa forma, podemos perceber a importância do modelo OAIS no sentido de reconhecer a responsabilidade com a preservação de informações em meio digital e garantir que tais informações sejam disponibilizadas, através de uma padronização dos processos de preservação o que vem a tornar fácil a comunicação entre as diferentes instituições e comunidades.

Bibliografia
MÁDERO ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 2, p. 15-27, maio/ago. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-19652004000200002&script=sci_arttext
THOMAZ katia p. ; SOARES Antonio José. A preservação digital e o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS). DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.5  n.1   fev/04 . Disponível em: http://www.dgz.org.br/fev04/Art_01.htm



Que tal conhecermos as principais técnicas de preservação digital?


      Encapsulamento

O encapsulamento pretende preservar as informações necessárias para o desenvolvimento posterior de conversores junto ao objeto digital.

      Emulação

O emulador é um software que reproduz um ambiente computacional para que seja possível a execução de outros sistemas sobre ele.


A emulação e o encapsulamento são estratégias que se aplicam na recuperação do objeto digital, documentos que dependem de hardware/software específicos para sua leitura, diferentemente da migração.

      Migração

“Preservar a integridade do objeto digital para uma futura recuperação é o  propósito da migração” (MÁDERO ARELLANO, 2008).

Na migração um objeto digital é convertido para que não se torne inoperante, podemos migrar um arquivo do Word, para uma extensão de arquivo preservável (por exemplo: PDF/A; TIFF; PNG; GIF; PSD; JPG).
  
      Preservação da tecnologia


A preservação da tecnologia depende da criação de museus tecnológicos, dessa forma seria possível não só a reprodução, mas também a experimentação do objeto digital, contudo manter esses equipamentos pode ser muito dispendioso. (FERREIRA e SOUTO, 2006)

Refrescamento


Consiste na transferência de informação de um suporte físico de armazenamento para outro mais atual antes que o primeiro se deteriore ou se torne irremediavelmente obsoleto. O refrescamento de suporte não constitui uma estratégia de preservação por si só. Deverá, em vez disso, ser entendido como um pré-requisito para o sucesso de qualquer estratégia de preservação. (FERREIRA, 2006).

Quer aprender um pouquinho mais? Acesse o link abaixo:


FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital – Conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães, Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006.
FERREIRA, Sueli Mara S. P.; SOUTO, Leonardo Fernandes. DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO FEDERADOS À FEDERAÇÃO DE BIBLIOTECAS DIGITAIS. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 2, n. 1, jul. 2007. ISSN 1980-6949. Disponível em: <http://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/3>. Acesso em: 04 Jan. 2013.
MÁRDERO ARELLANO, Miguel A. Critérios para a preservação digital da informação científica. 2008. 356 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em:  http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/1518/1/2008_MiguelAngelMarderoArellano.pdf. Acesso em: 04 Jan. 2013.

Documento arquivístico e preservação digital: é possível?


A questão do documento arquivístico e a preservação digital

A compreensão arquivística da preservação digital parte do entendimento dos limites e significados das características dos documentos arquivísticos: imparcialidade, autenticidade, naturalidade, inter-relacionamento e unicidade. A manutenção destas características é algo primordial ao se pensar em preservação digital de documentos arquivísticos.

Toda e qualquer atividade ligada à gestão (eletrônica ou não) de documentos deve garantir as especificidades dos documentos de arquivo, a fim de que a contextualização documental, e a manutenção do valor probatório dela recorrente, não se percam. (LOPEZ, 2004).

Luciana Duranti (1994) aborda a questão das características dos documentos arquivísticos, conforme se apresenta no Quadro 1 abaixo. 

            Quadro 1 – Características dos documentos arquivísticos

Imparcialidade
Os documentos arquivísticos são imparciais porque trazem uma promessa de fidelidade aos fatos e ações que manifestam e também ameaçam revelar fatos e atos que alguns interesses não gostariam de ver revelados.

Autenticidade
Os documentos arquivísticos são autênticos porque são criados, mantidos e conservados sob custódia de acordo com procedimentos regulares, ou seja, rotinas que podem ser comprovadas.

Naturalidade
A naturalidade diz respeito à maneira como os documentos se acumulam no curso das transações de acordo com as necessidades da matéria em pauta, são acumulados naturalmente nos escritórios, nas instituições em função dos objetivos práticos da administração.

Inter-relacionamento
O inter-relacionamento ou organicidade corresponde ao estabelecimento das relações entre os documentos no decorrer do andamento das transações e de acordo com suas necessidades.

Unicidade
Unicidade corresponde ao lugar único que cada registro documental assume na estrutura documental do grupo ao qual pertence e também no universo documental.


Alguns aspectos diferenciam a preservação digital de documentos bibliográficos dos documentos arquivísticos. Os arquivos não podem ser montados. São criados naturalmente pela própria dinâmica de atividades do seu produtor. As relações existentes entre os documentos são, portanto, essenciais para a recuperação e entendimento das informações que foram registradas e armazenadas. (MÁRDERO ARELLANO, 2008).



Bibliografia
DURANTI, Luciana. Registros documentais contemporâneos como provas de ação. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.7, nº 13, jan/jun, 1994, p. 49-64.
LOPEZ, André Porto Ancona. Princípios arquivísticos e documentos digitais. Arquivo Rio Claro, Rio Claro, n. 2, p. 70-85, 2004. Disponível em: http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/1428/2/ARTIGO_PrincipiosArquivisticosDocumentosDigitais.pdf. Acesso em: 04 jan. 2013.
MÁRDERO ARELLANO, Miguel A. Critérios para a preservação digital da informação científica. 2008. 356 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em:  http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/1518/1/2008_MiguelAngelMarderoArellano.pdf. Acesso em: 04 jan. 2013.