Ao
realizar um trabalho sobre preservação digital da UFF, o grupo quatro elevantou
uma questão muito importante a ser discutida: quais são as dificuldades e
desafios encontrados para preservação digital?
Sabemos que vivemos em um tempo de transformações muito rápidas. E, no campo da ciência da informação, o maior desafio e dificuldade é a preservação do que é digital.
Antes de adentrarmos nessa discussão, precisamos primeiro, entender o que exatamente se pretende preservar.
É claro que a essa altura do campeonato já sabemos que CD, pen driver, disquete (por exemplo) são suportes de transporte e não de armazenamento de informação a longo e médio prazo, embora seja elevado o tamanho da informação armazenada nestes suportes, eles possuem fragilidade física.
Preservar o conhecimento é um desafio para todo aquele que tem como função administrar e resguardar documentos. A preservação de cada componente/objeto digital é que vai garantir a futura exibição do documento digital. Como explica FERREIRA (2006):
A
preservação digital consiste na capacidade de garantir que a informação digital
permanece acessível e com qualidades de autenticidade suficientes para que
possa ser interpretada no futuro recorrendo a uma plataforma tecnológica
diferente da utilizada no momento da sua criação. (FERREIRA, 2006, p. 20)
Essa
preservação digital é importante uma vez que abrange “ações destinadas a manter
a integridade e a acessibilidade dos objetos digitais ao longo do tempo. Devem
alcançar todas as características essenciais do objeto digital: físicas,
lógicas e conceituais” (CTDE, 2008, p. 17 -18).
As características físicas referem-se ao registro das codificações lógicas dos bits nos suportes. “O objeto físico constitui aquilo que, geralmente, o hardware é capaz de interpretar” (FERREIRA, 2006, p. 22). Como exemplo: “documentos de texto, fotografias digitais, diagramas vectoriais, bases de dados, sequências de vídeo e áudio, modelos de realidade virtual, páginas Web e aplicações de software”. FERREIRA (2006)
Já as características lógicas dizem respeito ao conjunto de sequencias de bits, que constitui a base dos objetos conceituais que por sua vez são o produto final, ou seja, é o documento visualizado na tela do computador pelo usuário (CTDE, 2008). Por exemplo: TIFF, JPG, PDF.
Por conseguinte, nas características conceituais o objeto conceitual é o que o emissor deseja apresentar. “A imagem que posteriormente se forma na mente do receptor constitui o que vulgarmente se designa por um objeto conceitual ou objeto semântico”. (FERREIRA, 2006, p. 23).
FERREIRA (2006) apresenta, no sentido de solucionar o famigerado problema da preservação digital algumas estratégias, que podem ser agrupadas em três classes fundamentais: emulação, migração e encapsulamento.
Para
que a preservação de um objecto digital seja possível, é necessário assegurar
que todos os níveis de abstracção anteriormente descritos se encontram
acessíveis e interpretáveis. Se a cadeia de interpretação que permite elevar um
objecto digital desde o seu nível físico até ao nível conceptual for rompida, a
comunicação deixa de ser possível e o objecto perder-se-á para sempre.
(FERREIRA, p.24 - 25. 2006).
A
emulação nada mais é do que a “Utilização de recursos computacionais que fazem
uma tecnologia funciona com as características de outra, aceitando as mesmas
entradas e produzindo as mesmas saídas”. (CTDE, 2008, p. 13).
A migração de acordo com FERREIRA (2006):
A
migração tem como objectivo manter os objectos digitais compatíveis com
tecnologias actuais de modo a que um utilizador comum seja capaz de os
interpretar sem necessidade de recorrer a artefactos menos convencionais, como
por exemplo, emuladores. (FERREIRA, p.24. 2006)
Nesse
mesmo sentido, e de uma forma mais simples FERREIRA (2006) explica o
encapsulamento, sendo:
A
estratégia de encapsulamento consiste em preservar, juntamente com o objecto
digital, toda a informação necessária e suficiente para permitir o futuro
desenvolvimento de conversores, visualizadores ou emuladores. Esta informação
poderá consistir, por exemplo, numa descrição formal e detalhada do formato do
objecto preservado. (FERREIRA, p.43. 2006).
O
maior desafio seria comprovar que o custo não supera o benefício. O prejuízo causado
pela perda da informação, é muitas vezes incalculável diante a informação
perdida. É preciso mudar a mentalidade de custo para investimento a médio e
longo prazo.
E
ai? Agora você entende o porquê e como deve preservar aquela mídia maravilhosa
com a gravação do dia da sua formatura?
Bibliografia:
CONSELHO
NACIONAL DE ARQUIVOS - CONARQ. Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos – CTDE.
Glossário, 2008. Disponível
em:
http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/media/publicacoes/glossario/2008ctdeglossariov4.pdf.
Acesso em 26 de Dez. 2012.
FERREIRA,
Miguel. Introdução à preservação
digital: conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães, Portugal:
Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. 88p. Disponível em:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/5820/1/livro.pdf.
Acesso em 26 de Dez. 2012.